O romance para adultos de J.K Rowling se desprende da sua
obra infanto-juvenil que fomos apresentados quando lemos o famoso livro do
menino bruxo com a cicatriz. Nesse livro, Rowling finalmente pode fazer um jovem
que vai ofender você, leitor de HP.
A história passa-se em Yarvin uma pequena cidade no interior
da Inglaterra e o estopim para iniciar toda a trama é a MORTE SÚBITA de Farebros, uma importante figura da cidade que desenrolará toda a trama
diretamente e indiretamente para os moradores daquela pequena cidade.
Sem entrar muito em spoiler da história, um dos pontos que eu
atribuo à obra é como ela foi uma escrita libertadora para a autora, onde
finalmente, depois de anos escrevendo a saga do bruxo que todos nós amamos, ela
conseguiu colocar nas palavras de jovens “trouxas” formas que nunca poderiam
ser apresentadas em HP, personagens de
16 anos como Stuart “Bola”, Andrew, Gaia, a moça que se corta e principalmente
Krystal, são pessoas com seus problemas, ideais, que buscam viver suas vidas
atolados naquela pequena cidade. Eles fumam, bebem, fazem sexo e xingam quem
tiver que xingar, porque é isso que pessoas fazem (nem todas, é claro), alguns
deles passam a história brigando apenas
por uma vida um pouco melhor. E isso que é interessante, porque são eles muitas
vezes que estão a frente da história, de uma maneira imperceptível aos adultos.
Um dos “Plots” é a questão política da cidade, com a morte
de um dos integrantes do conselho é necessário uma eleição para assumir seu
lugar e entrar na disputa dualística entre os pró e contra Fields (cidade/periferia, ligada a Yarvin), esse mundo dos “adultos” deixa os jovens de
fora, ao mesmo tempo que eles influenciam todo o decorrer do processo por
motivos que eles nem imaginam.
Outro ponto que eu ressalvo é a micro-história a qual aborda
em seu livro, diferente de HP onde temos uma aventura narrada pelo Protagonista,
onde existem escolas mágicas, criaturas fantásticas e todo um mundo ameaçado
por vocês sabem quem. Nesse livro nada é tão grandioso, em Morte Súbita a
trama é mostrada através de diversos personagens que se alteram na hora narrar
os acontecimentos com suas visões e história dos fatos que estão acontecendo. É
perceptível ao leitor como tudo é interligado e como a morte gerou um efeito
cascata para os personagens.
Infelizmente existem algumas ressalvas, como a filha de
Howard, cuja única função é aparecer do nada com motivos não citados
anteriormente, dar uma informação de grande importância e ir embora. Poderia
ter existido uma forma deles conseguirem isso, sem utilizar desse recurso. Outro
ponto, que não sei bem se é uma crítica, mas é o fato de todos os personagens
serem infelizes ou melhor não serem felizes por completo, todos tem problemas e
questões que guardam para si ou são revelados da pior forma possível e que se
transbordam com a morte do protagonista, e o único personagem razoavelmente
feliz é aquele que pouco assume uma empatia marcante ao leitor.
Então para aqueles que irão ler Morte Súbita, só quero
deixar alguns comentários como: Vai ser complicado vocês lembrarem de todos os
personagens e suas características, mas uma hora vocês conseguem, porque eles
tendem a ser diferentes um do outro, mesmo que nas características superficiais.
Nem todos os personagens se desenvolvem, alguns permanecem da forma que estão quase
da mesma maneira que foram apresentados. E por fim, saiba que esse livro não
vai trazer um final feliz para você, caro leitor. Pelo contrário, em certas
cenas você vai sentir o gosto amargo dos acontecimentos, torcendo para que algo
bom aconteça.